terça-feira, 24 de maio de 2011

11. UM MONSTRO CHAMADO Lady Gaga

Assisti e gravei o especial LADY GAGA PRESENTS THE MONSTER BALL AT MADISON SQUARE GARDEN na HBO, por sugestão de meu amigo e blogueiro Carlos Roberto.
Neste concerto épico, a turma de Lady Gaga está perdida em Nova Iorque, buscando encontrar o local do show. Tentam chegar pelo metrô; através do Central Park, onde encontram o Monstro da Fama (e, numa sacada genial, a cantora apresenta a música Paparazzi); e finalmente encontram o Madison. Antes do show, Lady Gaga chora (!), lembrando que quando era criança, sua mãe a levava para ver shows de artistas que a criança Stefani Joanne gostava. E dali a alguns instantes, seria ela a ser ovacionada por milhares de pessoas.
Durante o concerto, com imagens em preto e branco, toda a movimentação de troca de roupas (seis) e retoques de maquiagem da cantora e bailarinos.
Enquanto via o concerto, fiquei pensando em duas coisas que sempre vejo nas reportagens, artigos, e qualquer coisa que se publique sobre Lady Gaga. A primeira é toda e qualquer referência ou citação a Madonna. E a segunda é sobre quanto tempo o fenômeno Lady Gaga vai durar.
Lady Gaga nunca escondeu ter sido fã de Madonna desde criança. Também que Madonna sempre foi uma inspiradora de sua carreira. Um ex namorado meu, que viu fragmentos do especial comigo, reconheceu tais referências a Madonna não apenas na música que encerra o show (Born this way), como nos cenários, e em até algumas posturas da cantora. Há também algumas ousadias, como louvar seu público (a quem ela chama carinhosamente de "pequenos monstros") e estimulá-lo a sempre realizar seu sonho, além de uma ode à causa gay, que culmina com um beijo ridiculamente técnico entre dois dançarinos ao final da música Alejandro. Durante o concerto, Lady Gaga refere-se a Madonna várias vezes, de maneira carinhosa ("aquela vadia").
Quando se fala no tempo que vai durar sua carreira, a resposta pode estar na capacidade de Lady Gaga produzir assunto.
É sabido que celebridades sobrevivem durante o tempo que provocam interesse em seus fãs. E Lady Gaga, só por existir, provoca este interesse. Não à toa, possui mais de 10 milhões de seguidores no Twitter. Lady Gaga já vestiu roupa composta por bifes, foi carregada pelo público quase nua e, recentemente (depois da gravação do concerto da HBO, que foi em maio), aplicou dois chifres na altura dos ombros.
Claro, os dez milhões de seguidores e outros tantos milhões espalhados pelo planeta, esperam novidades da popstar. Alguém acha que a indústria Lady Gaga vai parar de produzir novidades e provocar interesse?
Portanto, vida longa a Lady Gaga. Fãs que a manterão viva por muito tempo, ela tem de sobra. Não precisa que a mídia repita as mesmas perguntas sempre. Nem gaste laudas e mais laudas para não respondê-las. Talento ela tem. Seja no palco, na voz, nas letras que (sim) compõe, nas notícias que cria. Fora que é jovem. Tem uma longa estrada para percorrer. E quem sabe?, crescer junto com seus fãs, e conquistar outros a cada trabalho novo que produzir.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

ep. 10 - NAS MELHORES FAMÍLIAS

Guto não estava com a menor vontade de ir ao aniversário dos 80 anos da avó Aurora. Mas o pedido intimativo da mãe o convenceu. Iriam estar todos os filhos, netos, bisnetos e agregados num sítio alugado para a festa.
Guto morava em São Paulo desde os 12 anos. Quando o pai se aposentou e voltou pro interior, ele estava na faculdade e foi ficando, ao mesmo tempo em que perdera o contato com praticamente toda a família. Vez ou outra via, além da Vó Aurora, a tia Marlene, sua madrinha, e mãe de Tiago. Um moreno mirradinho, chato, que só chorava. Reencontrá-lo seria um porre.
Viajou na sexta à noite e às 10 da manhã do sábado, com os pais, chegava ao sítio. Logo em seguida, Beth, sua irmã, com o marido e seus três filhos. As únicas crianças que Guto realmente amava.
Vó Aurora estava linda, lúcida, feliz e bebendo uma cervejinha. Guto pegou uma garrafa de Itaipava e foi brindar com ela. A esfuziante tia Marlene chegou. Abraçou o sobrinho e quando uma parenta perguntou quando ele ia casar, Marlene respondeu por ele: “Casa não, meu sobrinho. Curta a vida lá em São Paulo. Eu digo isso pro Vinny: não case. Falando nisso, TIIIIIIIIIII, VEM CÁ!!!!!”
A tia chamou o primo chato. Foi quando duas emoções tomaram conta de Guto. A primeira, a visão daquele moreno lindíssimo, cabelos escuros, um sorriso lindo no rosto, abrilhantado por um par de olhos esverdeados hipnotizantes, um par de covinhas no rosto e um belo furo no queixo. A outra emoção foi a sensação de tê-lo visto em algum lugar. Os dois trocaram um forte abraço, sob as bênçãos de tia Marlene.
Guto tomava uma cerveja quando Tiago chegou para conversar...
- Bom ver você aqui. Há quanto tempo...
- Dezoito anos. Eu tinha doze quando fui pra São Paulo.
- Eu estou lá há seis. Fiz faculdade e agora trabalho.
- Mora onde lá?
- Pinheiros, perto da Faria Lima, e você?
- Paraíso, perto da Avenida Paulista... Está casado? Namorando?
- Não – Guto percebeu um certo desconforto no primo –, faz dois meses que terminei um namoro.





Guto estava curtindo a balada quando percebeu aquele rapaz olhando-o. Retribuiu o olhar com um sorriso. Ficaram na troca de olhares e sorrisos por alguns minutos. Ate que um moreno voltou do banheiro e beijou o rapaz, que passou a disfarçar as olhadas para Guto. O moreno era Tiago.





- Desculpe ter perguntado... Mas, mudando de assunto... Você era tão chato, tão magrelo, tão chorão – ele se lembrou do primo na balada, só precisava “dar o recado” – o tempo fez bem pra você. Está um belo homem – disse, olhando-o de cima a baixo.
- Obrigado – encabulou-se e olhou para o chão, onde foi procurar a coragem para dizer –, você também está muito bonito.
Churrasco rolando, crianças na piscina, os sobrinhos de Guto alugando deliciosamente o tio, ele pediu um tempo e foi sentar-se na varanda. Tiago estava lá.
- Cansou, primo?
- Já deu por hoje! Queria era dormir um pouco.
- Viaja amanhã?
- Sim, vou no ônibus das cinco.
- Eu sairei umas 8. Não quero pegar trânsito na chegada. Quer ir comigo?
- Eu já comprei a passagem!
Alguém se mete na conversa...
- Não se preocupe, Ti, seu pai vende a passagem – a onipresença de Tia Marlene é algo fascinante às vezes –. Eu vou ficar mais tranquila se você for com seu primo.
- Mas, mãe...
- Assunto encerrado! Guto, ele vai com você.
O que se desenhava um fim de semana enfadonho, de repente se transformava em algo deliciosamente surpreendente. Na hora de ir embora, uma conversa com a mãe:
- Filho, tome cuidado.
- Relaxa, mãe, vou até mais devagar.
- Estou falando do Tiago. Será que meu sobrinho vai virar meu genro?
- Se virar, a senhora será a primeira a saber.
- Ah, sei não, do jeito a Marlene é, acho que serei a segunda.
- Te amo, mãe – Guto abraçou-a com o mesmo calor da ansiedade pela viagem de volta a São Paulo.