domingo, 11 de setembro de 2011

22. O HOMEM CASADO

Eu e Tânia somos mais que amigos. Além de trabalharmos na mesma empresa, que tem unidades espalhadas por São Paulo e pelo país todo, ficamos amigos fora do ambiente corporativo, confidentes. E, claro, parceiros das noitadas.
E numa dessas, ela me comunicou que uma amiga, Vera, iria junto. Tânia nunca entrou em detalhes, mas Vera a incomoda profundamente. E uma das razões é que Tânia serve de escada para seus esquemas. Vera mora em outro estado, mas sempre acompanha o namorado, Cássio, quando ele vem a trabalho a São Paulo. E naquela noite estávamos os quatro na balada.
Ao final, fomos a uma padaria. Vera começou com umas insinuações sobre o fato de eu ter ficado com um cara na balada. Claro que eu não gostei e soltei uma resposta elegantemente atravessada, que constrangeu seu namorado e Tânia.
Dois dias depois, um pedido de amizade no meu facebook. Cássio. Aceitei. Na troca de mensagens inbox, ele pediu meu MSN. E lá conversamos sobre a noite de sábado, ele pediu desculpas por Vera, etc. A conversa foi bacana mas um tanto esquisita. Percebi, nas entrelinhas e entreletras, um interesse acima do normal dele por mim. Liguei o alerta.
Um mês depois, Cássio me avisa que viria de novo a São Paulo. Falei que falaria com Tânia para sairmos, mas ele disse que conseguiu se livrar de Vera, e viria sozinho. Achei estranho aquilo. Mas liguei pra Tânia. Ela ficou perplexa, mas disse que não poderia sair, pois teria uma prova no domingo de algum concurso interno da empresa.
No sábado, fui buscar Cássio no hotel e perguntei onde ele gostaria de ir. Disse que eu era o cicerone, e onde eu fosse, ele iria. Mesmo que fosse a uma balada GLS.
Fomos a um bar GLS. Aí ele me contou sua história. Ele não é namorado de Vera. É amante. Cássio é casado, tem dois filhos, e Vera é um caso seu que ele está louco pra se livrar. Sobretudo porque ela está começando a fazer pressão pra ele largar da esposa. Ainda mais que ela foi transferida para a unidade que ele trabalha. O que Vera não sabe é que ele está de saída para fazer parte de uma diretoria em São Paulo. Nisso toca meu telefone. Era Tânia. Vera não parava de ligar pra ela, desesperada, porque Cássio simplesmente tinha sumido. E Tânia não falou que ele estava em São Paulo.
Perguntei a Cássio se ele não estava constrangido de estar num lugar GLS e aí veio a resposta que me deixou apavorado e ao mesmo tempo com um tesão enlouquecedor: A única pessoa que interessava ali era eu, e que ele gostaria muito de me conhecer melhor, depois que soube que eu era gay.
Atire a primeira pedra quem nunca saiu com um homem casado.
E ter passado a noite com aquele homem que, segundo ele diz (e eu insisto em não acreditar inteiramente), nunca tinha tocado outro homem antes, foi bom demais. Tanto que quando ele vinha a São Paulo, enquanto não saía sua transferência, não ficava mais em hotel, mas na minha casa. E dormia na minha cama.
Claro, contei tudo para Tânia. Com ela não tinha segredos.
E, o mais legal, foi ver a satisfação de Tânia cada vez que Vera vinha lhe jogar um ar superior. Aliás, Vera adorava deixar claro que ela era a tal. A poderosa, a senhora de si. A autoconfiante. A bem sucedida profissionalmente. Mas, o homem dela vinha sempre a São Paulo gozar mais intensamente na minha cama, e não na de Vera.

11 comentários:

Luiz Paulo disse...

Q bom, queria um p mim assim, ja q homem n ta valendo nada msm hehehe. Adorei!
Bjo

Alexandre disse...

O que mais tem por aí ... ( dizem ) mas até agora não cruzei com nenhum .... (sempre tem a primeira vez).
Bem.... NA ESPERA!!! \o/
Como sempre, texto "diliça" =D.
Bjão.

Eduardo disse...

Já ouvi histórias semelhantes, mas nunca vivenciei nada assim. No final das contas, me sentiria mal porque uma pessoa está sendo enganada. Se o "casado" não tomasse uma atitude definitiva eu acabaria largando dele, mesmo que eu gostasse dele.

Latinha disse...

Taí uma coisa complicada né... na pelo fato em si, acho que é normal e essas coisas podem acontecer.

Para mim a grande questão são as implicações, porque continuar com algo se não há interesse real?!

Sem falar que paira sempre aquela duvida, se fez com outra pessoa, quem garante que não fará comigo?!

Abração!

Wyndson disse...

É uma delícia entrar em seu blog e "bebê-lo como um vinho... Cada palavra, degustada como um bom vinho... Obrigado por nos agraciar com tal... sucesso

railer disse...

uau... que história... isso acontece mais do que se imagina. você escreve super bem.

abraços,
raileronline

Rodrigo disse...

belo texto

FOXX disse...

fiquei com pena da Vera... de verdade...

Gabuh disse...

cara, atualmente tô envolvido com um homem casado também. já que você tem experiência no assunto, hehehe... gostaria que tu desse uma passadinha no meu blog e opinasse sobre a minha situação nestes dois posts, ó:

- casado, pai de 5 filhos e motel nos finais de semana comigo
http://blogayconversafora.blogspot.com/2011/10/casado-pai-de-5-filhos-e-motel-nos.html

- o edu achou que era super-homem, mas broxou!
http://blogayconversafora.blogspot.com/2011/10/o-tio-achou-que-era-super-homem-mas.html


um cheiro, homem!

Anônimo disse...

Pedra voando.Tenho lido blogs e reparada que o povo reclama de preconceito, homofobia e da falta de caráter das pessoas.

Mas uma coisa que no meio gay fazem aos montes é trair e ficar com homem casado, depois reclamam de um amigo que o sacaneou e tals...

Mas não pensam que estão contribuindo em uma sacanagem contra uma ou mais pessoas (no caso a família).

Sei que vão me chamar de moralista (e se isso é ser moralista sou mesmo) mas é que agem como isso não fosse nada e tratam outras atitudes como se fossem defeitos morais gravíssimos.

Alex M. disse...

História e texto gostosos.
Certo ou errado não existe. Errado é aquilo que nos fará mal. Mesmo nesses caso, há coisas que são mesmo quase inevitáveis...
Ele soube chegar. Eu também, acho, não teria evitado!